Ordem dos Cônegos Regulares Lateranenses Província brasileira.
Espaço de leitura.
DÍZIMO NA IGREJA CATÓLICA
Cônego Pe. José Lenilson Araújo da Silva, CRL
INTRODUÇÃO
O Catecismo da Igreja Católica prescreve que o Batismo nos faz membros do Corpo de Cristo. “Somos membros uns dos outros” (Ef 4,25).
O Batismo nos incorpora à Igreja e os batizados são chamados a professar diante dos homens a fé que pela Igreja receberam de Deus e a participar da atividade apostólica e missionária do povo de Deus, deste modo o Batismo é o sinal da fé com a qual os homens e mulheres respondem ao santo evangelho de Cristo, iluminados pelo Espirito Santo.A Igreja é o novo povo de Deus reunido pelo Espírito Santo a fim de tornar-se o Corpo de Cristo, a serviço do Reino da Vida no mundo. O Espírito Santo habita no coração dos fiéis como num templo. Ele ora nele (Gal 4,6) e os renova sem cessar (Tt 3,5). O Espírito Santo está presente na Igreja em todas as dimensões, em todas as formas de sua existência e sem dúvida alguma, em todos os momentos.
Confiantes na Palavra de Deus, somos convidados a fazer a experiência de fé, gratidão, de amor a Deus e ao próximo e confiança na providência divina. O Dízimo é uma oração silenciosa que atinge profundamente o coração de Deus. É uma das formas de dizer: “Obrigado Senhor, pois se tenho é porque já me deste”. Portanto, antes de ser partilha o Dízimo é uma verdadeira ação de graças.
“Tragam o Dízimo integral para o Tesouro do templo, para que haja alimento em minha casa. Façam essa experiência comigo – diz Javé dos exércitos. Vocês hão de ver, então, se não abro as comportas do céu, se não derramo sobre vocês as minhas bênçãos de fartura” (Ml 3, 10).
DÍZIMO
O Dízimo é uma contribuição voluntária, sistemática, periódica e proporcional aos rendimentos do fiel. É uma forma concreta que o cristão tem de manifestar sua fé em Deus e seu amor ao próximo, pois, deve ser, preferencialmente, por meio do Dízimo que a Igreja se mantenha em atividade, sustente seus trabalhos de evangelização e realize as obras de caridade e assistência aos menos favorecidos.
Dízimo é a demonstração de gratidão e reconhecimento a Deus por tudo o que recebemos. É a devolução a Deus de um pouquinho do tudo o que Ele nos dá. Dízimo é partilha que gera fraternidade, união e solidariedade. É o compromisso de cada cristão para, em comunidade, colaborar com o Projeto Divino neste mundo.
A palavra Dízimo vem do Latim = DECIMU que significa a décima parte. Sua origem na Igreja Católica refere-se aos 10% que os judeus davam de tudo o que colhiam da terra com o seu trabalho. Entretanto, a própria Igreja não estabelece como lei nenhum percentual pré-definido.
Os bispos do Brasil definem o dízimo como contribuição sistemática e periódica dos fiéis, por meio da qual cada comunidade assume corresponsavelmente sua sustentação e a da Igreja.
Apesar de significar 10 por cento, é importante entender que o que vale é a fidelidade a Deus e a consciência de pertença e corresponsabilidade na manutenção da comunidade. A contribuição poderá aumentar gradativamente conforme a caminhada na fé. Como diz São Paulo: “Cada um dê como dispôs em seu coração, sem pena nem constrangimento, pois Deus ama quem dá com alegria” (2Cor 9,7).
Segundo os dicionários bíblicos Dizimo, “Era a contribuição obrigatória, entregue ao santuário para sustentar os sacerdotes e levitas (Nm 18,21-32), os pobres, os órfãos e as viúvas (cf. Dt 14,22-29; Tb 1,7s e notas). A contribuição referia-se à décima parte dos cereais, do vinho e do azeite. Os fariseus pagavam, porém, o dízimo até dos produtos mais insignificantes, como as hortaliças (Mt 23,23)”.
Já os demais dicionários afirmam, “Mesmo que devolução da décima parte ou 10 por cento de todo seu rendimento ao Senhor Deus. Vale realçar que, dízimo não é “pago”, é “devolvido”. Pois Deus é o Dono do ouro e da prata, biblicamente falando”. Cabe portanto a cada um dos cristãos sentir-se bem em poder ajudar aquele que tudo nos dar de forma livre e consciente.
DIZIMO: NÃO UMA OBRIGAÇÃO, MAS ATITUDE DE AMOR
O dízimo é um verdadeiro remédio para os problemas, o mal, a doença que é o egoísmo. Coisas que estão muito evidentes nos dias de hoje, uma sociedade que só pensa em se dá bem, esquecendo dos que estão a volta. Não existe melhor remédio para curar tanto egoísmo, mesquinhez, ganância, miséria e falta de solidariedade espalhadas em nossas comunidades que uma boa porção de opção amadurecida e decidida pelo dízimo.
Como isso é instigador! O dízimo é um antídoto eficaz que vai à raiz de nossos problemas e, ali, exerce sua terapia, eliminando aquilo que é negativo e que o ser humano insiste em carregar consigo. A terapia como sabemos é um tratamento disciplinar, ou seja, buscamos quando de fato necessitamos, o dízimo detecta a “saúde” espiritual e material das pessoas presentes na comunidade, dando-lhes um sinal de pertença e ao mesmo tempo uma sensação de utilidade tao grande capaz de lhes tornar verdadeiros “donos da casa”.
Neste contexto, não adianta somente estar na comunidade; é preciso de uma forma ativa participar dela! E a mais bela forma de participar é justamente vivenciando suas carências e eficiências, isto é, colaborando, ajudando a comunidade naquilo que que observamos que ela estar precisando. Não tem como negar que todas as pessoas sabem o que é o dízimo; elas entendem que devem colaborar; e mais ainda elas compreendem a importância e o significado; deduzem a necessidade, mas infelizmente muitas resistem à ideia de dispor uma porcentagem mensal à Igreja.
O Cristão Católico parece ser muito fechado para a graça de ser solidário e não consegue por algum motivo talvez próprio de si mesmo, se adaptar ao compromisso decimal, ou seja, não cabe em sua mente tirar dez por cento daquilo que ganha no mês e, menos ainda, pastoral. Estão presas à dependência egoísta que não as deixa progredir. Isso é reflexo do egoísmo que não as deixa caminhar e ser solidárias. Essas pessoas alimentam hábitos que regem seu comportamento para com a Igreja, o padre, a coordenadora, os religiosos, as religiosas etc.
Podemos dizer que um dos problemas é o antigo e mau costume de dar à Igreja qualquer coisa: esmola, por exemplo. Também o triste costume enraizado de fazer festas e promoções para manter a Igreja carrega um enorme conjunto de preconceitos: qualquer coisa para a Igreja será bem-vinda (como também para os pobres) – sempre se ouviu isso, infelizmente; a paróquia não paga as minhas contas; Deus não precisa de dinheiro; o pouco, com Deus, é muito; e o famoso Deus lhe pague. Todas essas crenças aliviam a consciência da maioria das pessoas – e, é notório quase todo isso principalmente, naquelas que mais frequentam nossas comunidades e não querem se envolver com nenhum compromisso as vezes até os próprios responsáveis pela pastoral do Dizimo.
A “cultura” enlatada de fazer festas e quermesses para manter a igreja, captar recursos necessários para a administração da igreja através desses eventos, é uma tendência tão enraizada no povo e, particularmente, nos padres e bispos que quase ninguém pensa em questionar sua validade. É quase um contrassenso a comunidade não promover esses eventos, não cabe na mente de muitos isso jamais. Pior ainda quando se opta por megaeventos – vários dias ou uma semana inteira, em nome do padroeiro da igreja. Alguém pode achar isso absurdo? Alguém ousa questionar? Alguém fica envergonhado com tal atividade? Só pode promover o dízimo quem consegue mudar o sistema de crenças e corrigir seus entraves. “Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos” (Galeano).
Alguns não conseguem progredir na sua experiência do dízimo; ficam enlatados e atolados em seus questionamentos, que não colaboram para seu crescimento como discípulos e missionários na comunidade paroquial. A maioria dessas pessoas apenas admite o dízimo se for “pago”. Quando se fala em liberdade de contribuir, como uma decisão de coração – como ensina Paulo –, de devolução daquilo que é de Deus, começam a aparecer os problemas, os questionamentos, as discordâncias. Certamente também a desistência e a omissão.
A conclusão a que se chega é que ele deve ser evangelizado. As pessoas acostumadas a fazer o que querem e como querem com a sua religião não aceitam com tranquilidade a opção pelo dízimo, que se torna uma exigência a mais, algo descabido, pois o padre está exigindo demais da comunidade, é um homem muito exigente, e simplesmente dizem que antigamente não era assim! De fato, sabemos que o dízimo, não é uma prioridade na vida cristã! E que Deus não vai avaliar se você colaborou ou não e de quanto foi o seu dízimo, na verdade nada disso importa muito, a não ser o desejo de servir à comunidade onde você congrega a sua fé, isso é importante.
Se o dízimo não nascer de um desejo de comunhão e de uma resposta à experiência de Deus, com certeza ficará à deriva ou será simplesmente uma “ajudinha” a mais para a sua igreja. Infelizmente muitos acham que contribuir com o dízimo é sinônimo de ajuda, de colaboração, de cooperação. Relacionar dízimo com dinheiro não é bom. É exatamente esse o nó da questão. Esse é o ponto alto que deve ser pensado, e muito, para que não se tenha a ideia de que o dízimo é o mesmo que dinheiro para o cofre da Igreja. Mais que é um costume bíblico, do Antigo Testamento, a opção pelo dízimo deve ser sempre livre e espontânea, nunca o cristão deve ser obrigado. A liberdade deve ser a raiz motivadora do dízimo, muito melhor do que a odiosa necessidade de colaborar mensalmente. É preciso termos a grande e verdadeira consciência de que o dízimo nos ensina a liberdade: se você crê que Deus é quem o sustenta, você não tem nenhuma dificuldade de abrir a mão para a obra da Igreja, para missões ou para ajudar um irmão mais necessitado na pastoral social. Você é curado da “mão mirrada” e se torna um grande abençoador liberal, por uma decisão livre e cheia de amor.
REFERÊNCIAS
APOSTILA DÍZIMO NA IGREJA CATÓLICA. (Equipe Arquidiocesana do Dízimo, Curitiba, 2016).
BÍBLIA DE JERUSALÉM. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2008.
GASQUES, Jerônimo. As cinco leis do dízimo: na natureza nada se perde; tudo se transforma [livro digital]; São Paulo: Paulus, 2017. – Coleção Organização paroquial.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 3. ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Paulinas, Loyola, Ave-Maria, 1993.
Aniversariantes.
Pe.Rafael, CRL. Natural de São Paulo, atualmente reside em Osasco-SP Paroco na Paróquia N.S Aaparcida na Vila Jaguara-SP. Rezemos por sua vida e Missão Sacerdotal.
Dos dia 23 ao dia 29 de Junho de 2024 aconteceu o Capitulo Geral dos Cônegos Regulares Lateranenses este ano na Região Sul do Brasil. Foi eleito para o mandato de 6 anos Dom. Edoardo Parisotto, CRL natural de Bolonha na Itália.
Destacamos também um momento significativo para nossa Província, a Ordenação do Cônego Jacson Roque Kuskoski, CRL que é natural de Caxias do Sul-RS.
A Província brasileira se alegra!
No dia 17 de Agosto irá com alegria celebrar a Santa Missa onde Caio Leonardo e Mateus Henrique, farão a primeira Profissão Simlpes, na Paróquia Sant`Ana em Curitiba-PR.
Rezemos por suas vidas e vocação.
Destaques Ordem dos Cônegos Regulares Lateranenses
Abade Geral
Dom. Edoardo Parisotto, CRL
Ordenação
Foi Ordenado Sacerdote no ultimo dia 29 de Junho de 2024 Jacson Roque Kuskoski, CRL em Santa Lúcia do Piaí-RS
Ordenação
Será Ordenado Diácono Transitório o Cônego Antônio Cláudio, CRL em Osasco no dia 31 de Agosto de 2024.
Nossas Paróquias
- PARÓQUIA SANT`ANA – CURITIBA-PR
PAROCO: Pe. José Carlos, CRL
- PARÓQUIA SÃO MIGUEL ARCANJO – CURITIBA-PR
PAROCO: Pe. Jair Ari Scariot, CRL
- PARÓQUIA SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS – CURITIBA-PR
- PARÓQUIA SÃO LUIS DA SEXTA LÉGUA – CAXIAS DO SUL-RS
PAROCO: Pe. Agostinho, CRL
- PARÓQUIA SÃO JOSÉ OPERÁRIO – RIO DE JAINEIRO
PAROCO: Pe. Romerio, CRL
- PARÓQUIA N. S. DAS GRAÇAS – RIO DE JANEIRO
PAROCO: Pe. Alexandre, CRL
- PARÓQUIA SANTA LÚCIA – SANTA LÚCIA DO PIAÍ – RS
PAROCO: Pe. Mario Scopel, CRL
- PARÓQUIA SANTO EXPEDITO – VILA OLIVA-RS
PAROCO: Pe. Olmiro, CRL
- PARÓQUIA IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA – BRASILÂNDIA-SP
PAROCO: Pe. Dorival, CRL
- PARÓQUIA SÃO LUIS MARIA DE MONTFOT- BRASILÂNDIA-SP
PAROCO: Pe. Sergio Bernardi, CRL
- PARÓQUIA N. S. APARECIDA – VILA PIAUI-SP
PAROCO: Pe. Rafael, CRL
- PARÓQUIA N. S. DOS REMÉDIOS- OSASCO-SP
PAROCO: Pe. Edimilson, CRL
- PARÓQUIA SANTA CLARA- JOÃO PESSOA-PB
PAROCO: Pe. Marcos, CRL
- PARÓQUIA N. S. APARECIDA – CAMPINA GRANDE-PB
PAROCO: Pe. Denis, CRL
Quem somos
Nossa Província
Cônegos Regulares Lateranenses
Na história da Congregação Lateranense é preciso distinguir três grandes períodos: o primeiro se refere ao antigo priorado regular de Latrão (isto é, a casa central com várias dependências); o segundo se refere á verdadeira e autentica congregação, nascida no século XV; o terceiro, quando a Congregação Lateranense une-se á Congregação Renana (1823).
Segundo João, o diácono, (Liber de ecclesia Lateranense, 8; PL 78, 1387 e 1552) na segunda metade do século XI, isto é logo depois do Sínodo Lateranense de 1059, Alexandre II (1061-1073), renovou a vida dos cônegos regulares da basílica Lateranense. Segundo a opinião dos historiadores da Ordem, isto aconteceu no ano 1061. Antes destes cônegos, isto é a partir do século IX, parece que houve cônegos que viviam segundo a regra de Aquisgrana; neste sentido se poderiam interpretar algumas passagens de Hildebrando, o futuro papa Gregório VII, durante o Sínodo Lateranense; além disso, havia uma disposição do concílio romano do ano 826, que prescrevia de construir um claustro junto á igreja, onde os clérigos “pudessem dedicar-se á disciplina eclesiástica”.
Alexandre II tinha sido bispo de Lucca, onde já existia um clima de reforma de vida canonical, e por isso foram chamados para o capitulo do Latrão os cônegos regulares do florescente priorado de S. Frediano de Lucca. Este era um centro de vida canonical com várias casas filiais do tipo daquele de S. Maria in Porto na cidade de Ravenna, cuja regra chamada justamente Regra Portuense, foi seguida pelos mesmos Cônegos Regulares de S. Frediano. No ano de 1106 Pascal II concede a Rocio, prior de S. Frediano a paróquia anexa á Basílica de Latrão (Kehr, p. 26).
A casa mãe de Lucca exercia naqueles tempos uma forte influência no priorado Lateranense. No ano de 1155 o papa Anastácio IV confirma, seguindo o exemplo de Alexandre II, a Ordem Canonical de S. Agostinho, os bens e o direito de eleger o prior, o qual todavia deveria ser totalmente livre como a principal mãe e senhora (Kehr,p.28). Deste modo está decretada a ereção do Priorado independente.
Os pontífices foram generosos em favores espirituais e temporais em prol dos Cônegos Regulares e de sua catedral. Assim várias igrejas e propriedades foram incorporadas ao Priorado Lateranense. João, o diácono, refere que o papa Alexandre lhe tinha concedido “muitos poderes em diferentes cidades e lugares”. Inocêncio II confirma ao prior Donato a doação da igreja de S. Mário em Collescipoli (Kehr, p.27). Lúcio II confia aos Cônegos Regulares Lateranenses, durante o mandato do prior Bernardo, a igreja de S. João da Porta Latina, como também o hospício Lateranense. Anastácio IV acrescenta a igreja de S. Gregório com o palácio. Segundo a bula de Gregório IX, o priorado Lateranense possuía, além das referidas igrejas, outras em muitos lugares (Terni, Avezzano, Spoleto, Amélia, Frascati, Valmontone, Carpineto).
O priorado regular de Latrão teve seu maior desenvolvimento sob os priores Bernardo e João, este último no tempo do papa Alexandre III. Neste período conclui-se o maravilhoso claustro da Basílica Lateranense. Uma inscrição em hexâmetros leonianos, depositada no mesmo local, lembra a vida regular dos cônegos:
Canonicam formam sumentes, discite normam
Quam promisistis, hoc claustrum quando petistis.
Discite sic esse tria vobis adesse necesse:
Nil proprium, morem castum, portare priorem.
Assumindo a forma canonical, aprendeis a norma,
Que prometestes, quando pedistes este claustro.
Aprendeis que três coisas são necessárias:
Nada de próprio, costume casto, obediência ao prior.
Os Cônegos Regulares Lateranenses permaneceram na Basílica até setembro do ano de 1299, quando foram substituídos, por vontade do papa Bonifácio VIII, por quinze cônegos seculares. O motivo da mudança foi o fato de que os cônegos seculares pertenciam ás maiores famílias romanas e por tanto eram mais aptos a defender os bens da basílica e seus direitos. Assim a vida canonical regular foi interrompida por 140 anos.
A Ordem Canonical, durante o Cisma do Ocidente (1378) encontrava-se em uma situação miserável; a observância religiosa era relaxada, e os bens da igreja eram explorados por seus comendadores. Neste tempo surgiu na Itália uma reação positiva. Alguns membros decididos a salvar sua instituição, iniciaram uma reforma de vastas proporções. Leão Gherardino de Carater, piror da canônica de S. Pedro em Ciel d´Oro em Pavia, e seu colega Tadeu de Bagnasco, autorizados pelo abade, se dirigiram a S. Maria de Frigionária, que era um priorado dos cônegos regulares em Lucca, mas na época abandonado. Era mais ou menos o ano 1401.
O inspirador dessa iniciativa foi o sacerdote romano, Bartolomeu de Roma, grande pregador. A finalidade dos dois cônegos era restaurar a perfeita observância da regra de S. Agostinho e das outras prescrições da Ordem.
A observância regular foi assim restabelecida neste priorado, e nos outros priorados que se juntaram a esta comunidade: S. Maria de Casoreto (Milão, 1405); S. Leonardo (Verona, 1407); S. Maria em Tremiti (1412), S. Maria da Caridade (Veneza, 1414); S. Victor e S. João em Monte (Bologna, 1417), o priorado de S. Maria em Porto (Ravenna). Todas estas casas foram reunidas, com a bula do papa Martinho V em 30 de junho de 1421, em uma Congregação chamada Congregação de S. Maria em Frigionaia.
Depois de alguns anos de consolidação interna, retomaram-se as atividades renovadoras sob o pontificado de Eugênio IV. Este papa, já membro de S. Jorge de Alga (Veneza) promoveu a reforma do capítulo de S. João de Latrão. O mesmo tinha feito, quando cardeal, na basílica de S. Paulo fora dos muros, com a instalação dos beneditinos da jovem Congregação de S. Justina de Pavia. Assim Eugênio IV restaurou a tradição canonical regular com a presença dos cônegos regulares afastados pelo papa Bonifácio VIII. Mas a volta não acontece sem obstáculos, tanto que o restabelecimento total se dá somente em 1444. Com a bula do dia 10 de janeiro de 1445 o papa Eugênio IV doa á Congregação de S. Maria de Frigionaia o título Congregação do Salvador de Latrão. Ainda assim a vida canonical não foi pacífica: depois da morte do papa Nicolau V, houve uma nova expulsão dos cônegos regulares (1455), que provocou para a Congregação uma grave crise. No ano de 1466 a Congregação voltou novamente à basílica por vontade do papa Paulo II, mas após sua morte houve, sempre por causa da administração dos bens, a expulsão definitiva (1471). Contudo a Congregação, com o decreto do papa Sisto IV (1472), conservou o título e os privilégios concedidos graças á sua permanência na basílica. O mesmo papa concedia em 1483 a igreja de S. Maria da Paz, que se tornou a cede do procurador geral da Ordem.
No mesmo período juntaram-se á Congregação muitas outras casas canonicais, entre elas a canônica de S. Cruz em Mortara (1449), S. Maria de Piedigrotta em Nápoles (1453); S. Pedro em Ciel d´Oro em Pavia (1503), e S. Frediano em Lucca (1517). Gregório XII em 1408 suprimiu a estabilidade, de maneira que os cônegos eram transferidos aonde havia mais necessidade. O período áureo da Congregação foi durante o século XVI, tempo de fervor e fidelidade ao espírito da reforma iniciada no século anterior: as comunidades eram numerosas, a atividade no campo espiritual e cultural intensa, o apostolado da pregação fecundo e um profundo espírito contemplativo.
No ano de 1600 assiste-se a um certo declínio: os capítulos gerais têm que insistir continuamente sobre a observância regular e mostravam preocupação pelos problemas econômicos. No entanto havia ainda um grande número de casas com mais ou menos 1.300 religiosos.
A situação piora no século XVII. Várias casas foram supressas mediante breves pontifícios entre os anos de 1770 e 1798 na Toscana, no Veneto e no Piemonte, e seus bens devolvidos aos governos. As outras casas foram perdidas durante os movimentos revolucionários da dominação napoleônica na Itália (1810). A única comunidade que sobreviveu foi a de S. Maria de Piedigrotta em Nápoles.
A restauração deve-se á obra tenaz de um cônego regular da Congregação Lateranense, que conseguiu a união com a Congregação Renana de Bologna: este cônego foi Vicente Garofali, promovido depois a arcebispo de Laodicéia. Com a aprovação de Pio VII, e com a ajuda do cardeal Pacca, ele conseguiu reunir os melhores elementos das duas Congregações, Lateranense e Renana, no ano de 1823.
Com tal união inicia o terceiro período da instituição canonical, com o nome definitivo de Cônegos Regulares Lateranenses, cujo primeiro abade foi o próprio Vicente Garofali. Reuniram-se várias casas sobre tudo da Congregação Renana. No ano de 1837 foram publicadas as constituições da Congregação com forte espírito Lateranense.
Mas com a unificação da Itália aparecem novas e graves dificuldades. Todas as casas italianas foram suprimidas. E quando faleceu o abade geral Strozzi, em 1867, não foi possível celebrar o capítulo geral por causa da dispersão dos religiosos. A Santa Sé nomeou como vigário geral o abade Passeri, o criador da associação feminina conhecida como Pia União das Filhas de Maria. Por causa desta situação italiana, os cônegos foram obrigados a procurar novas soluções no estrangeiro. Em 1873 alguns cônegos se estabeleceram em Beauchâine (França) e em outras duas casas.
Mas, sendo expulsos de lá pelo governo, os cônegos regulares foram para a Inglaterra e a Espanha (1884). Como consequência das injustas leis de 1901, não podendo voltar a Beauchâine, foram abertas novas casas na Belgica (Louvain, Liège, Namour, Bouhay). Criaram-se assim as províncias Franco-belga, Inglesa e Espanhola. Esta última enviou um grupo de padres à América Latina (1899). Em 1900 foi criado em Salta (Argentina) um colégio de relevante importância. Em seguida abriram-se outras casas na Argentina e no Uruguai.
No ano de 1892 a antiga prepositura de Corpus Christi, de Cracóvia (Polônia) uniu-se á Congregação Lateranense. Depois da segunda guerra mundial, foram abertas outras casas que se uniram á nova Província polonesa (1952).
A província espanhola fundou em tempos recentes uma casa nos EUA e no Caribe. No ano de 1947 a província italiana deu inicio a uma missão no Brasil. Os dois primeiros missionários foram o cônego polonês Arcangelo Sysk e o cônego Domingo Tonini, italiano; que se fixaram no pequeno distrito de Caxias do Sul, chamado S. Lúcia do Piai, com a esperança de crescer neste imenso país. Chegaram outros confrades, que iniciaram a difusão da Ordem em S. Paulo (1953) e em Curitiba (1983).
Em São Paulo os cônegos se estabeleceram em um bairro muito longe do centro com pouquíssimos recursos. Mas com a graça de Deus, a colaboração da província italiana, e a generosidade dos fieis, conseguiram construir uma grande e majestosa igreja dedicada a Nossa Senhora dos Remédios; consagrada pelo card. Paulo Evaristo Arnes. Em seguida, para responder ás necessidades do povo, a maioria imigrante do nordeste, construíram um prédio escolar com diferentes cursos, diurnos e noturnos; e também uma creche para 300 crianças.
Desde o inicio os padres preocuparam-se de cuidar da pastoral vocacional com um seminário menor em S. Lúcia, atualmente sede do noviciado, em Caxias foi construído um segundo seminário para estudantes de nível médio; a comunidade de Curitiba acolhe jovens seminaristas estudantes de filosofia. E em São Paulo termina-se a formação com o curso de teologia.
Também a província Franco-belga, obrigada a retirar seus missionários do Congo, por causa da revolução, enviou seus missionários ao Brasil, abrindo um novo centro canonical no estado da Paraíba, era o ano de 1968.
Com a morte do último missionário francês, os confrades italianos, já com suficiente número de confrades brasileiros, assumiram a mesma terra, instalando-se na cidade de Solânea e em seguida na cidade de Campina Grande. Neste mesmo tempo foi aberta uma nova comunidade na diocese de Nova Iguaçu (Rio de Janeiro), cujo bispo atual é um cônego regular, D. Luciano Bergamin.
Hoje o Brasil, tendo-se tornado província autônoma no ano 2000, está constituída de nove comunidades a serviço de 13 paróquias e numerosas capelas, e um centro de espiritualidade nas cercanias de Pirapora do Bom Jesus – São Paulo.
Quer ser um Cônego? Fale com nossos animadores vocacionais, envie uma mensagem.
“Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi” (Jo 15, 16)
Como Jesus nos diz no Evangelho, Ele dá o primeiro passo. Ele é quem nos chama. Mas a resposta ao seu chamado cabe a nós dar.
Não existe uma definição ideal de vocação. É sempre um presente e um mistério! Mas há um sinal importante: A AMIZADE COM CRISTO , porque só no diálogo com Ele podemos perceber a Sua voz.
MaisNossa Família Religiosa vive segundo a Regra de Santo Agostinho e observa os três votos: obediência, castidade e vida em comum sem bens. O coração da nossa atividade pastoral é a Liturgia das Horas celebrada em comunidade.
O treinamento começa com o postulado. É o momento em que o candidato discerne a sua vocação. Segue-se o ano do noviciado, tempo dedicado intensamente à oração, ao estudo e ao trabalho; o que ajuda particularmente a conhecer Deus, a si mesmo e à Ordem. No final do Noviciado, o candidato emite os votos temporários por três anos.
Depois da Profissão, inicia, numa das nossas Casas escolhidas para o efeito, uma formação filosófica e teológica com a duração de seis anos, que o prepara para a ordenação diaconal , e depois para a ordenação sacerdotal . Antes da ordenação diaconal, o professo consagra-se vitalício à nossa Congregação, emitindo votos solenes.
Se você deseja conhecer melhor nossa Congregação, convidamos você a entrar em contato conosco e nos encontrar por alguns dias. Não podemos garantir-lhe uma vida ideal, mas com certeza, caminhando juntos, vocês poderão viver uma linda aventura que fará crescer a sua AMIZADE COM CRISTO .